segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O Gnomo, o Garoto e a Velha Mansão!

O Garoto pegou a sua moto do ano e foi até aquela velha mansão no qual ja não ia a cerca de um ano. Para falar a verdade, já não se lembrava mais da data, nem do ano, mal sabia ele que aquele dia em que ele sonhou com a velha mansão, em um bairro longínquo, era o aniversario do abandono.

Simplesmente, uns grupos de fieis amigos, companheiros, se reuniam na velha Mansão de um sábio Paranoico cheio de complexos, para discutir antigas historias e ótimos contos. Certa vez, acabaram parando de ir até lá, alguns arrumaram compromissos mais sérios, outros arrumaram empregos, e outros simplesmente desenvolveram bloqueios mentais e pararam de contar as historias.

Estacionou a moto na frente da velha mansão, e como no sonho que tivera durante a noite, tudo estava ainda mais velho e caindo aos pedaços. A casa já não era mais aquela, onde se ouvia sorrisos a toda hora, onde todos o esperavam no jardim, tomando limonada e conversando sobre assuntos aleatórios, como imortais ou sobre poesia.

Passando pela cerca destruída e faltando estacas, nota-se que ninguém tomou conta da grama, nem os cães que ali costumavam brincar, passaram por ali.

Chegou próximo a porta, e ela se abriu misteriosamente de alguma forma. A sala estava vazia. O Garoto podia se lembrar das velhas historias de personagens depressivos que eram contadas ali, eram fantásticas historias onde seres sobrenaturais estariam sempre presentes, mas que nunca foram terminadas.

Subiu as escadas, para onde ficavam os quartos, pode se lembrar das historias de detetives bêbados, ou de demônios nas tempestades, assim como também se lembrou de contos sobre mundos ocultos, complicados, complexos, com personagens paranóicos.


Quando pensou em abrir a janela, de um dos quartos da velha mansão, viu que não estava sozinho ali, olhou para o guarda roupa velho e cheio de cupins, algo fazia barulho lá, podia ser um rato, ou uma madeira caindo. Chutou de leve a porta do guarda roupa, e algo saiu correndo de lá. Não era um rato, a não ser que ratos tivessem 40 centímetros de altura. Ao correr do guarda roupa, tentou sair pela janela, mas que não fora aberta. Deu de cara com o vidro, caiu no chão e se mostrou bastante zonzo.

O Garoto arregalou os olhos vendo que era um Gnomo ali, plantado no chão, com a mão na testa resmungando por ter sido enganado pelo vidro.

_QUE PORRA É ESSA? -- indagou o garoto assustado.

_Que porra VOCÊ faz aqui! - O Gnomo se levantou irritado do chão, ajeitou o gorro na cabeça e voltou caminhando, com passos largos e pesados pro guarda roupa - nos abandonou por tanto tempo, e agora vem com cara de bunda.

O Garoto não sabia o que dizer, não sabia o que estava acontecendo ali.
O Gnomo pegou um cachimbo de dentro do guarda roupa, e ficou acendendo-o, o garoto, pasmo, continuava olhando para a tal criatura, paralisado. O Gnomo, com testa franzida olhou para o jovem boquiaberto, fechou a porta do guarda roupa, mas que já não tinha mais fechadura, então ela se abriu sozinha:
_TÁ OLHANDO O QUE?
_Você oras, desde quando a velha Mansão tem gnomos?
_Desde que vocês chegaram aqui oras.

O Gnomo largou o cachimbo por um instante, e então começou a contar:

"Desde que vocês chegaram até esta mansão, dizendo que tinham inúmeras historias e contos para resenhar, e esboçar, nós, a imaginação ficamos por aqui, vivíamos aqui, e nos alimentávamos da criatividade de todos vocês, oras, aquela criação fabulosa de um fantástico mundo que era movido por criatividade era fantástico, adorávamos aquele prato do dia.


Adorávamos os poemas, nos fazia sair com as ninfas do quintal e saber o que falar para elas. “Adorávamos as historias sobre os imortais, magos, vampiros, lobisomens, era tudo fantástico, era como se, estivéssemos em fortalezas enormes, era como Arcádia, e uma cachoeira de Ondinas nos banhando de tanta Imaginação”.

O Garoto ainda perplexo continuava boquiaberto. O Gnomo sentou-se no chão, tragou o cachimbo, e continuou a contar.

"Até então que, o pessoal começou a vir cada vez com intervalos maiores. Não serviam mais limonada, o pessoal começou a vir cada vez menos. Todos começaram a dar desculpas para não comparecer e por fim, uma carta, escrita em punhos, trilhou o fim de tudo".

_Tudo tem um fim.

_VOCE ACHA QUE A IMAGINAÇÃO TEM FIM? Se a imaginação acaba, a vida acaba o sonho acaba o brilho do sol não reflete mais o sangue das suas mãos escritoras, a cachoeira já não tem mais as mesmas ninfas, o cão já não vai ter mais a mesma amizade.

_ta, ta, entendi.

O Gnomo, interrompido parece ter ficado enfurecido, e continuou.

_Todos pararam de vir, os gnomos foram juntando as suas malas, não tinha mais alimento por aqui, alguns disseram que ir pro palco do teatro era mais emocionante, outros, disseram que ir pra uma creche ver as crianças brincar, era um banquete feito, igual à Phant. Mas eu resolvi ficar. -- Deu uma pausa -- pra ver se alguém voltava.

O Garoto sorriu tudo parecia estar indo bem, olhou para o gnomo com orgulho, ele havia voltado às esperanças do gnomo não haviam sido em vão. Mas o gnomo continuou olhando zangado para ele:
_Não sorria não, eu queria qualquer um, MENOS VOCÊ, porra, porque tinha que ser o menos criativo? Mas que saco!

_Hey!

O garoto se enfureceu, queria arrancar as orelhas pontudas do gnomo, que se levantou e começou a caminhar novamente para o guarda roupas, apanhou a mala de viagens e foi se dirigindo a porta.

_Hey, você não vai sair, eu voltei, vamos recriar o "banquete de imaginações".

O Gnomo voltou a olhar para o garoto dentro do quarto: "Você voltou para ficar?"

O jovem garoto não sabia o que dizer. Enquanto o gnomo contava toda aquela historia, ele sabia que tudo era verdade, os contos eram emocionantes, os poemas eram lindos, os vídeos eram impressionantes, mas quando cresce, a cabeça começa a crer e ver coisas mais sérias, o mundo cheio de Dragões e Gnomos se torna apenas massa poluída, com Ônibus e Metas de vida. O garoto se entristeceu, sabia que podia fazer tudo mudar, podia fazer a velha mansão do velho Paranóico e cheio de Complexos virarem aquela velha Mansão cheia de balões com rostos engraçados na cerca, com grama cortada, cães pulando caçando borboletas, e gente tomando limonada e falando sobre Zumbis e Caçadores.

Mas não sabia se conseguia.

Caminhou pela casa de novo, dessa vez para o caminho da porta, indo embora. O Gnomo veio trazendo a sua mala para a porta. Juntos, se sentaram na entrada da casa, à frente a porta. O Garoto não trancou a porta, deixou-a entre aberta, para caso alguém resolvesse voltar.

Sentados, na escada de entrada, admirando o velho gramado alto, puderam se lembrar dos tempos bons de Complexo Paranóico.


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Isso não é um apelo para o Complexo Paranoico voltar, e sim, um apelo pessoal dizendo que sinto saudades dos velhos tempos! ;)


Att. Fowl!

2 comentários:

  1. Fowl

    Só te digo uma coisa: tá fenomenal! Isso comprova o quanto foi bom - e o quanto pode ainda ser bom - os tempos de auge do blog, com os grandes contos de todo mundo aqui, inclusive os seus :)

    Tá ótimo! E não perca esse ritmo, amei demais :D

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    1. aaaaah, Obrigado querida Cris, com certeza, os tempos bons de Paranoicos bem Complexados foi ótimo, trocar ideias frenéticas e usar toda a imaginação para bolar contos era fenomenal, é triste que tudo esteja parado por tanto tempo!

      Obrigado pelos elogios! :D
      Caso o blog ressuscite, volto a escrever mais, ou então, uma vez por ano posso voltar! :P

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