segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O Gnomo, o Garoto e a Velha Mansão!

O Garoto pegou a sua moto do ano e foi até aquela velha mansão no qual ja não ia a cerca de um ano. Para falar a verdade, já não se lembrava mais da data, nem do ano, mal sabia ele que aquele dia em que ele sonhou com a velha mansão, em um bairro longínquo, era o aniversario do abandono.

Simplesmente, uns grupos de fieis amigos, companheiros, se reuniam na velha Mansão de um sábio Paranoico cheio de complexos, para discutir antigas historias e ótimos contos. Certa vez, acabaram parando de ir até lá, alguns arrumaram compromissos mais sérios, outros arrumaram empregos, e outros simplesmente desenvolveram bloqueios mentais e pararam de contar as historias.

Estacionou a moto na frente da velha mansão, e como no sonho que tivera durante a noite, tudo estava ainda mais velho e caindo aos pedaços. A casa já não era mais aquela, onde se ouvia sorrisos a toda hora, onde todos o esperavam no jardim, tomando limonada e conversando sobre assuntos aleatórios, como imortais ou sobre poesia.

Passando pela cerca destruída e faltando estacas, nota-se que ninguém tomou conta da grama, nem os cães que ali costumavam brincar, passaram por ali.

Chegou próximo a porta, e ela se abriu misteriosamente de alguma forma. A sala estava vazia. O Garoto podia se lembrar das velhas historias de personagens depressivos que eram contadas ali, eram fantásticas historias onde seres sobrenaturais estariam sempre presentes, mas que nunca foram terminadas.

Subiu as escadas, para onde ficavam os quartos, pode se lembrar das historias de detetives bêbados, ou de demônios nas tempestades, assim como também se lembrou de contos sobre mundos ocultos, complicados, complexos, com personagens paranóicos.


Quando pensou em abrir a janela, de um dos quartos da velha mansão, viu que não estava sozinho ali, olhou para o guarda roupa velho e cheio de cupins, algo fazia barulho lá, podia ser um rato, ou uma madeira caindo. Chutou de leve a porta do guarda roupa, e algo saiu correndo de lá. Não era um rato, a não ser que ratos tivessem 40 centímetros de altura. Ao correr do guarda roupa, tentou sair pela janela, mas que não fora aberta. Deu de cara com o vidro, caiu no chão e se mostrou bastante zonzo.

O Garoto arregalou os olhos vendo que era um Gnomo ali, plantado no chão, com a mão na testa resmungando por ter sido enganado pelo vidro.

_QUE PORRA É ESSA? -- indagou o garoto assustado.

_Que porra VOCÊ faz aqui! - O Gnomo se levantou irritado do chão, ajeitou o gorro na cabeça e voltou caminhando, com passos largos e pesados pro guarda roupa - nos abandonou por tanto tempo, e agora vem com cara de bunda.

O Garoto não sabia o que dizer, não sabia o que estava acontecendo ali.
O Gnomo pegou um cachimbo de dentro do guarda roupa, e ficou acendendo-o, o garoto, pasmo, continuava olhando para a tal criatura, paralisado. O Gnomo, com testa franzida olhou para o jovem boquiaberto, fechou a porta do guarda roupa, mas que já não tinha mais fechadura, então ela se abriu sozinha:
_TÁ OLHANDO O QUE?
_Você oras, desde quando a velha Mansão tem gnomos?
_Desde que vocês chegaram aqui oras.

O Gnomo largou o cachimbo por um instante, e então começou a contar:

"Desde que vocês chegaram até esta mansão, dizendo que tinham inúmeras historias e contos para resenhar, e esboçar, nós, a imaginação ficamos por aqui, vivíamos aqui, e nos alimentávamos da criatividade de todos vocês, oras, aquela criação fabulosa de um fantástico mundo que era movido por criatividade era fantástico, adorávamos aquele prato do dia.


Adorávamos os poemas, nos fazia sair com as ninfas do quintal e saber o que falar para elas. “Adorávamos as historias sobre os imortais, magos, vampiros, lobisomens, era tudo fantástico, era como se, estivéssemos em fortalezas enormes, era como Arcádia, e uma cachoeira de Ondinas nos banhando de tanta Imaginação”.

O Garoto ainda perplexo continuava boquiaberto. O Gnomo sentou-se no chão, tragou o cachimbo, e continuou a contar.

"Até então que, o pessoal começou a vir cada vez com intervalos maiores. Não serviam mais limonada, o pessoal começou a vir cada vez menos. Todos começaram a dar desculpas para não comparecer e por fim, uma carta, escrita em punhos, trilhou o fim de tudo".

_Tudo tem um fim.

_VOCE ACHA QUE A IMAGINAÇÃO TEM FIM? Se a imaginação acaba, a vida acaba o sonho acaba o brilho do sol não reflete mais o sangue das suas mãos escritoras, a cachoeira já não tem mais as mesmas ninfas, o cão já não vai ter mais a mesma amizade.

_ta, ta, entendi.

O Gnomo, interrompido parece ter ficado enfurecido, e continuou.

_Todos pararam de vir, os gnomos foram juntando as suas malas, não tinha mais alimento por aqui, alguns disseram que ir pro palco do teatro era mais emocionante, outros, disseram que ir pra uma creche ver as crianças brincar, era um banquete feito, igual à Phant. Mas eu resolvi ficar. -- Deu uma pausa -- pra ver se alguém voltava.

O Garoto sorriu tudo parecia estar indo bem, olhou para o gnomo com orgulho, ele havia voltado às esperanças do gnomo não haviam sido em vão. Mas o gnomo continuou olhando zangado para ele:
_Não sorria não, eu queria qualquer um, MENOS VOCÊ, porra, porque tinha que ser o menos criativo? Mas que saco!

_Hey!

O garoto se enfureceu, queria arrancar as orelhas pontudas do gnomo, que se levantou e começou a caminhar novamente para o guarda roupas, apanhou a mala de viagens e foi se dirigindo a porta.

_Hey, você não vai sair, eu voltei, vamos recriar o "banquete de imaginações".

O Gnomo voltou a olhar para o garoto dentro do quarto: "Você voltou para ficar?"

O jovem garoto não sabia o que dizer. Enquanto o gnomo contava toda aquela historia, ele sabia que tudo era verdade, os contos eram emocionantes, os poemas eram lindos, os vídeos eram impressionantes, mas quando cresce, a cabeça começa a crer e ver coisas mais sérias, o mundo cheio de Dragões e Gnomos se torna apenas massa poluída, com Ônibus e Metas de vida. O garoto se entristeceu, sabia que podia fazer tudo mudar, podia fazer a velha mansão do velho Paranóico e cheio de Complexos virarem aquela velha Mansão cheia de balões com rostos engraçados na cerca, com grama cortada, cães pulando caçando borboletas, e gente tomando limonada e falando sobre Zumbis e Caçadores.

Mas não sabia se conseguia.

Caminhou pela casa de novo, dessa vez para o caminho da porta, indo embora. O Gnomo veio trazendo a sua mala para a porta. Juntos, se sentaram na entrada da casa, à frente a porta. O Garoto não trancou a porta, deixou-a entre aberta, para caso alguém resolvesse voltar.

Sentados, na escada de entrada, admirando o velho gramado alto, puderam se lembrar dos tempos bons de Complexo Paranóico.


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Isso não é um apelo para o Complexo Paranoico voltar, e sim, um apelo pessoal dizendo que sinto saudades dos velhos tempos! ;)


Att. Fowl!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Tem um paranóico complexado morrendo


Tem um paranóico morrendo
Um desses cheios de complexos
Que caminham exaustivamente e carregado por vários ombros
Um completo paranóico
Morrendo em silêncio

Ele esta enconstado no tempo
Moribundo paranóico
Diz coisas sem sentido que se perdem no vácuo
Esquecido num mundo caótico, pobre coitado
Ele, o tempo e e seu complexos
Ouvidos apenas por suas histórias

Mas ele não reclama
Morre quieto e educado
Como fazem os bons pequeninos
Solitário ele descança e espera a morte como se espera uma boa amiga
Sem dor
E sorri tranquilo quando alguém acena brevemente
Um paranóico cheio de complexos
Um complexo cheio de histórias
Uma vida.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A essência de Hórus

OI genteeem!
Depois de uma ETERNIDADE sem dar um pulinho aqui vou colocar um conto grandão para vocês!
Se quiserem, leiam em partes, é meio compridinho mesmo xD
Aproveitem!

O jovem chegou descabelado ao saguão do hotel cinco estrelas, transpirando e com a respiração ofegante, parou a poucos metros da secretária de cabelos grisalhos e tomou ar, os seus últimos dias foram os mais insanos que já tivera! O único lugar onde ele tinha alguém para confiar era ali... Quando a senhora ergueu os olhos, quase que caiu de costas:
-Paulinho! Você sumiu sem deixar recados!Desapareceu! Onde pensa que estava?!
-Dona Judite...
-Tenho que ligar para a polícia agora! Eles estão louquinhos atrás de você!
-Não!
-O que?- os olhos dela se voltaram para as roupas dele incrédula- Por Jesus! Você está em trapos!
-Preciso falar com a Tia Amanda, agora! Sra. Judite, por favor... É urgente...
Ela foi pegando o telefone:
-Paulinho, a polícia toda está lhe procurando! Devo ligar antes, depois você fala com a sua tia, menino!
Ele correu até a bancada, já puxando a atenção de quem andava por ali de noite e segurou o aparelho:
-Por favor, Dona Judite... Eu estou bem... Eu estou vivo, mas preciso falar com a minha Tia, me diga onde ela está, e não chame a atenção por enquanto, por favor...
Os olhos do rapaz brilharam como se a emoção o estivesse sufocando a garganta, até parecia medo, ela relaxou as mãos que estavam sobre o telefone:
-Tudo bem garoto, mas vai logo! Ela esta em seu escritório, no...
Ele beijou a bochecha da senhora:
-No 9º andar, eu sei! A senhora é um anjo!
O garoto, que mais parecia um mendigo, passou pelos vasos com cravos brancos, pelo tapete luxuoso e foi direto ao elevador, apertou o botão e esperou enquanto a maquina descia.
“5, 4, 3... Vai logo...”
Quando a maquina chegou ao térreo, ele entrou e clicou o numero nove, encostando-se na parece metálica e suspirando enquanto as portas se fechavam:
-Meu Deus...
No ultimo vão ele ainda podia ver dois ou três rostos o observando-o.
Acho que nem eu entraria num elevador com um menino vestido desse jeito.
Olhou para a camisa e as calças totalmente manchadas e esfarrapadas, nem o sapato escapara do horror.
Nem sei como a Judite me reconheceu, to parecendo um mendigo!
O elevador começou a se mover gentil, só então Pulinho percebeu como suas pernas tremiam, ele mal conseguia se sustentar sobre elas. Sua respiração estava inconstante, mas ali ele finalmente estava se sentindo seguro, como se nada mais pudesse feri-lo.
O visor que ficava logo acima dos números parecia correr devagar: 4, 5... Tudo estava como deveria ser, a musiquinha repetitiva de fundo, a cor amarelada das luzes, o ar condicionado ligado, era uma dádiva voltar ao que ele podia chamar de lar.
O menino fechou os olhos pressionando as pálpebras. A vida dele havia se tornado um verdadeiro inferno desde que sumira, uma semana atrás.
Será que Tia Amanda já falou com meu Pai e minha Mãe?
Ele sabia que não seria nada bom se ela o tivesse feito, na verdade, só o fato de ter que inventar um por que de ter desaparecido para a policia já era algo bem complicado.
Mas o que eu faço? Conto a verdade...
Ele pensou uns segundos nessa opção.
É, em uma semana eu conto o que houve! Na outra, vou para o hospício!E que raio de elevador é esse que nunca chega!
O garoto abriu os olhos novamente focando diretamente no visor para ver em que andar estava e sentiu seu estomago revirar.
Um sete virado para baixo...
Seus olhos se arregalaram e seu ar começou a faltar, ele gostaria de acreditar que era uma mera coincidência, mas não podia ser...
O elevador deu um solavanco fazendo-o quase cair, o metal começava a ficar cada vez mais frio, e o ar parecia ficar cada vez mais esbranquiçado, como se formasse neblina a sua volta.
Ele correu até o botão de alarme e o apertou, mas nada aconteceu:
-Merda!
Foi até o fone e apertou o botão para se comunicar com a secretaria:
-Judite! Judite! Tá me escutando?! Alguém?!
Mal ele terminou a ultima pergunta um sonar agudo começou a sair pelo aparelho, primeiro parecido com estática, mas depois foi aumentando, piorando, até fazer o rapaz cair de joelhos com as mãos tampando os ouvidos.
Tal como o som veio, ele desapareceu. Paulinho levantou o rosto para ver se fora só um surto da sua mente assustada, mas lá estava o sete ao contrário de novo:
-Merda! De novo não...
As imagens de ele descendo o elevador do shopping na última segunda feira voltaram a sua mente, o mesmo símbolo, o mesmo frio antes de ele desmaiar, mas dessa vez ele continuara lá dentro...
-Está se divertindo?
Uma voz feminina soou do fone, sedutora, perversa, se divertindo com o que acontecia:
-Achei que uma entrada triunfal faria diferença... Você gostou?
Syhha! Como ela tá aqui?!
As lembranças voltaram outra vez, depois do estranho número no elevador do shopping e do desmaio, ele passara os últimos seis dias numa tortura sem fim... Quando acordou já estava bem acorrentado a uma cama de palha. Demorou algum tempo até ele perceber que não estava na dimensão humana, mas depois que notou as coisas só pioraram...
Syhha parecia ser um tipo de mandada de um “Semi-Deus” que os egípcios chamavam de Seth. Era uma mulher que qualquer homem ficaria lisonjeado de estar preso á frente, suas curvas seriam capazes de formar um oito invejável, sua roupa não passava de uma saia bem detalhada, comprida, com cortes verticais até um palmo do quadril e um top de ouro, mais parecido com um sutiã, com as alças feitas de várias correntes finas caídas por todo o ombro, a pele era amorenada e os cabelos compridos, negros e lisos, emoldurando os olhos dourados com lápis forte e a boca bem delineada-, era uma legítima egípcia, até no nariz.
Pensei que ela não pudesse vir aqui... Ela mesma falou...
-Por que esse silencio, moleque? Não acredito que você conseguiu escapar... Realmente fascinante! Bela façanha para um meio-humano!
Ele podia sentir o sorriso dela, seja onde estivesse, se abrindo malicioso, degustando cada gota do pavor do menino.
Bela façanha?!Quase morri por causa dessa vagabunda!
Depois de acordar naquela cama foi que conhecera Syhha, ela lhe contou que estavam perto do portal de Anúbis, entre o julgamento de morte e o mundo humano, e que dentro da alma dele estava guardada o que os Deuses chamavam de a “essência de Hórus”, uma energia dos primórdios humanos, que continha a união perfeita da gota mais pura do poder de cada Deus, em suma, um pouco dos poderes de cada um, na sua forma mais potente.
No início ele não entendeu o porquê de logo sua alma ter sido escolhido, mas depois que ela contou a respeito de sua tia, tudo se esclareceu!
A voz de Sihha ainda saia pelo fone, zombeira e soberana:
-Conte-me, como descobriu a respeito do vinho?
Então ela já sabe sobre o vinho...
Paulinho respirou, o ar estava cada vez mais frio, e o elevador deu mais um chacoalho, o jogando no chão:
-Vamos, me conte... Eu precisarei ir até ai para que me diga?
Ela falou com meiguice, o que o assustou ainda mais.
Ela acha que é tudo um jogo... Acha que minha vida é um jogo! Como eu saio daqui?!
-Ei, alguém ai?
Ele tentou se levantar e o elevador balançou outra vez, fazendo-o cair outra vez:
-Escapei quando um dos seus serviçais tentou tirar a minha camiseta... -Ele começou, falando baixo.
Também, não sei o porquê aquele filho da p* queria me tirar a camisa!
-Ele afrouxou as correntes e a chave estava perto da adaga...
As luzes piscaram um pouco e ela voltou a falar, numa mistura de cinismo e perversão:
-Preciso urgentemente trocar aquele pessoal... Umas férias eternas ao lado de Anúbis fará bem a eles... O que acha?
Bela forma de se referir á morte...
-Acho que não passa de outra forma de dizer que, como seus empregados falharam, você vai por um fim neles.
O silencio imperou durante alguns segundos, como se Sihha estivesse pensando, as luzes voltaram a piscar e os lábios do rapaz começaram a tremer com o frio.
Se ela não me pegar primeiro, é certeza que morro aqui com esse frio.
Paulinho se levantou esfregando os braços nus:
-A temperatura está boa, rapaz?
Uma merda, vadia!
-Muito agradável, eu garanto. – disse o mais cínico que conseguiu.
-E quanto ao vinho?
As luzes não paravam de piscar e o frio crescia lentamente, era uma questão de tempo até a hipotermia começar, ele percebeu entre um facho de luz entrecortado e outro que o visor continuava com o mesmo sete ao contrário.
-Paulinho?
Ela quase assobiou essas palavras, saíram suaves, até maternas.
Agora quer dar uma de boazinha é?
-Como se você não soubesse! Não é, Sihha?
Depois que ele saiu da saleta onde estava, o corredor apontava para esquerda e direita, por obra do destino, ele decidiu seguir pela direita, andou durante um tempo sem encontrar nada, até que uma porta lhe chamou a atenção, feita em bronze, decorada com ouro e pedras reluzentes, nada muito comum.
As luzes começaram a piscar desesperadamente e, do nada, param! O menino na hora se enrijeceu, apavorado.
O que tá acontecendo...?Por que tá tudo escuro...? Cadê ela?
As respostas só vieram quando ele sentiu os lábios quentes roçando no seu ouvido esquerdo, gélido, sussurrando, sedutora:
-Quero que você me conte...
Ele ficou alguns instantes quieto e depois suspirou:
-Depois que você me contou que a minha tia era uma...
Ela aumentou o grau da malícia na voz:
-A conselheira de Osíris e Isis?
Ele ofegou um pouco e logo controlou novamente seu medo:
-É... Depois que você me disse isso... Eu fugi do cativeiro e acabei encontrando o seu quarto.
A memória de Paulinho se embaralhava, ele lembrava-se bem como havia sido no cativeiro, nada bom...
“A essência esta presa no interior da sua alma” Sihha dissera “Temos que abri-la para pegar... Infelizmente, não há como você sair vivo desse processo, sinto muito.”
Ele lembrava bem dela dando de ombros e falando com desdém “O que posso fazer, sacrifícios são necessários, e meu mestre está cansado de ser subjugado por Isis e seu maridinho”.
Depois daquilo, foram horas e mais horas de tortura, abrir uma alma não era como abrir um corpo... Para eles parecia muito simples banha-lo com energia e rituais diversos, mas para Paulinho era como experimentar, sem anestesia, que cortassem cada músculo, cada órgão, cada veia do seu corpo, vagarosamente, experimentando cada gota de sangue.
Pelo que ele entendera: Isis, Osíris e Seth eram deuses irmãos. Isis havia se casado com Osíris e causado inveja a Seth, que despedaçou o irmão e o espalhou pela Terra. Como deusa da fertilidade e vida, Isis buscou cada um dos pedaços e deu vida nova ao seu marido, banindo Seth ao deserto, para se tornar um o Deus da violência e da desordem, da traição, do ciúme, da inveja, do deserto, da guerra, dos animais e serpentes, foi o que ela disse. Agora Sihha queria a essência criada pelo filho do casal, Hórus, e estava dentro dele.
As unhas afiadas da sacerdotisa de Seth passearam pelo peitoral do adolescente, enquanto ela continuava a falar baixinho, diretamente no ouvido dele:
-Encontrou o meu quarto? Que interessante... E então?
Paulinho sentiu suas costas arrepiarem, ela escorregou as mãos gélidas por dentre a camisa rasgada e continuou a arranhá-lo, completamente provocante:
-Diga... O que fez no meu quarto?
Ele se lembrava de uma cama bem ornamentada do lado direito, uma imagem de algum Deus hibrido na parede a sua frente e uma escrivaninha com um armário ao lado na esquerda, o quarto era espaçoso e todo bem decorado. Começou gaguejando:
-Eu encontrei um livro... Estava mal fechado... Foi só puxa-lo que abriu em uma das páginas.
A respiração ofegou mais, o frio começava a se tornar intenso demais, os lábios tremiam e os dentes lutavam para não bater:
-E leu sobre o vinho? – disse ela curiosa- Como conseguiu ler egípcio?
-Eu não sei... – Suspirou se encolhendo com a temperatura- Só li.
Depois de ler aquela primeira parte ele conheceu algo chamado de “vinho de passagem”, não era raro para Deuses, mas havia sido abolido da Terra, uma substância agridoce, com cheiro de madeira envelhecida e uva, coloração rosa turva; não é o que se possa chamar de apetitoso.
Sihha colocou os dois dedos indicadores em baixo do elástico da calça, perto dos ossos da bacia, como se fosse abaixá-la:
-E como encontrou a bebida?
O lado animal do menino entrava em choque com seu medo enquanto sua mente, desesperada, tentava manter os pensamentos bem ordenados:
-Enquanto eu estava lá dentro, alguém entrou para buscar alguma coisa que estava na sua cama, e eu tive que me enfiar dentro do armário...
Ela pressionou os dois dedos levemente, fazendo movimentos circulares, ele lutou para se concentrar:
-E então...
- Percebi que o seu armário tinha cheiro de uva entre as roupas e comecei a procurar de onde vinha, foi quando encontrei a portinhola, com o vinho.
-Ah, então foi isso... Um furto no estoque...
Sua voz saiu macia, mas pareceu dilacerá-lo por dentro.
Ela esta jogando demais... O que ela quer?!
-Mas chega dessa história! Meu prazo está se acabando, menino... E meu mestre não gosta de atrasos...
A sacerdotisa, sem dar avisos, tirou umas das mãos do elástico e passou-a ,como se fizesse carinho, por cima da genital do garoto, sobre os panos restantes do que um dia foi uma calça, a exitação lhe penetrou as veias. Aproximou seu corpo do dele, colando os seios nas costas e se encaixando perfeitamente no jovem, e sua voz saiu picante:
- Perdoe-me, querido... Mas eu tenho uma entrega a fazer.
Do prazer momentâneo, o garoto experimentou novamente a dor. Ela encravou as unhas logo abaixo das costelas, sentindo o sangue escorrer e jogou-o na parede do elevador. Ele bateu com toda a força e caiu tonto no chão, ela ajoelhou-se e, no escuro, ele pode sentir quando sentou em cima dele, com o corpo do rapaz entre as pernas. Mas dessa vez a voz veio traiçoeira, sedutora, maldosa:
-Sabe para que ele ia tirar a sua camisa, moleque? Era para eu terminar o serviço! Não esperava que eu concebesse a essência de um mal vestido, não é?!
A excitação voltou-lhe as veias, os lábios de Sihha tocaram os dele, passando a ponta da língua quente de leve:
-Agora que a sua alma já está aberta, só falta um passo...
Ela começou a tentar puxar a calça do menino.
Não!
-Não! O que...
-Shhhh... Vão ser alguns minutinhos de prazer, meu querido... Eu pegarei a essência com a sua vida e você nem irá sentir...Que pena a sua morte ser realmente necessária.
Ele tentou empurra-la, mas ela o pressionou contra o metal gelado do elevador escuro, acoplando os dois corpos e abaixando a calça do pobrezinho. Ele se contraiu todo tentando fugir como um filhote numa jaula congelante, ela ria baixinho da tentativa de Paulinho, claramente sua força era muito superior a dele e não demoraria muito para que superasse essa pequena rebeldia.
-Sabe o que mais me diverte nisso tudo?- Seus dedos começaram a puxar a cueca, ela continuou aos sussurros- É que você esta gostando...
Mal ela acabou de falar, algo aconteceu, para ele foi como perder todo seu peso, os dois corpos flutuaram sutilmente e depois caíram desajeitados! Seguido por outro flutuar, esse mais alto e outra queda, essa machucando o pulso dele:
-Ai, meu pulso!
Sihha ainda estava colada nele, mas havia uma folga entre os dois, ele tentou empurrá-la, ela nem se moveu:
-Nem pense nisso, moleque – algo frio encostou no seu ventre – Ou é fim de jogo para você, agora!
- Se eu fosse você, não encostaria no meu sobrinho, Sihha.
Uma luz o cegou por alguns instantes, o peso da sacerdotisa foi tirada de cima dele, e alguém o puxou do chão com fervor:
-Paulinho, Paulinho!
As mãos da sua tia tocaram seu rosto e o balançou, aos poucos ele começou a distinguir suas formas:
-Tia Amanda?É a senhora?
-Oh, meu Horus!- Ela o abraça- Que bom que a dona Judite me ligou!
-Ahn... Mas eu...
- Fique quieto e atrás de mim.
Ele se posicionou onde ela mandara, a sua frente, contra o ponto de luz, ele conseguia enxergar a silhueta de Sihha, a voz de Amanda saiu quase engolindo o local:
-Sihha...
- Amanda... Ou prefere que eu te chame de Nathifa?
-Já faz muito tempo que não uso esse nome...
-É, eu sei. Desde que veio proteger a essência.
-Pois é.
Ele conseguiu perceber a adaga na mão da seguidora de Seth, enquanto sua tia não tinha nada:
-Chega disso, Nathifa, já faz décadas que não somos amigas, vamos para o final de uma vez!
-Desculpa, Sihha, mas desta vez não pretendo brigar com você.
Ela se colocou em posição de batalha:
-Como é que é? Você esta louca, não é?Não foi um pedido, ou você luta, ou eu mato ele!
Amanda na maior calma já vista pelo menino falou, sussurrando:
-Tenta.
Sihha se jogou em cima dela, ocorreu em fração de segundos! Sua tia pegou em seu pescoço e gritou cheia de energia a sua volta, enquanto todo o elevador, antes gelado, agora balançava numa temperatura sufocante:
- Tarde demais, Sihha, você não fala mais com uma conselheira, eu sou um canal dos Deuses!
Uma grande explosão jogou o garoto contra a parede, fazendo-o cair com o rosto no chão desenhado do elevador, demoraram alguns segundos até que ele pudesse abrir os olhos, e quando fez isso, quase desmaiou.
Sua tia segurava Sihha nos braços, a sacerdotisa tinha o corpo inteirinho rachado, como uma boneca de porcelana e Amanda sussurrava em seu ouvido:
- Osíris quer ajudá-la, minha querida, seja inteligente e ajude-se também no seu julgamento, que os Deuses a acompanhem.
Seu corpo se desfez nos braço da mulher mais forte que ela já vira, nos olhos de Amanda, lágrimas continham-se, o blazer estava todo rasgado e sua saia, outrora longa, agora estava pela metade:
-Tia, eu.
-Paulinho, fique quieto, só um segundo.
-Mas.
Um barulhinho se ouviu e as portas se abriram, o marcador indicava o 9º andar e o elevador estava impecável!Ela o pegou pela mão e o guiou até seu escritório; lá deu um casaco a ele e pegou uma muda de roupa em seu armarinho:
-Tia... Eu posso falar agora.?
-Claro querido.
-Poderia me explicar o que aconteceu naquele elevador!?Que porr* foi aquela?!
-Paulinho, olha a boca!
-Tá, mas o que foi aquilo!?
-Há alguns séculos atrás, eu e Sihha éramos grandes sacerdotisas, no reino dos Deuses egípcios, mas em algum lugar do nosso caminho, ela acabou se apaixonando por Seth e foi banida de nosso querido lugar... Naquela época a “essência de Osíris” foi criada e colocada sob os cuidados de Isis e Horus. Anos se passaram até que Seth começou a buscá-la sem piedade e eles tiveram que enviá-la a Terra.
-E me escolheram por quê?
-Por que você era uma alma pura, jovem, recém criada, que estava sob meus cuidados... Então eu vimprimeiro enquanto te preparavam, e depois você veio, e eu fiquei responsável por cuidar de você.
-E papai e mamãe?
-Almas caridosas, vieram sem saber de nada.
-Nossa!- Ele se sentou no sofá- Então, você matou Sihha?
-Bom, ela foi para o mundo dos mortos, agora é com Anúbis.
-E acabou? Digo, essa maluquice?
-Você esta brincando?!O jogo tá só começando, menino!
-Ah, eu mereço!
Os dois caem na risada, mesmo sabendo que o perigo sempre o rondará, agora ele sabe com que pode contar.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Moira

Olá pessoal. Aqui estou, com uns dias de atraso, para dar um "parabéns" ao Complexo-Paranóico... não somente aos outros autores, mas à parceria em sí.


Essa é uma tentativa de um poema, valendo lembrar que eu SEMPRE me perco quando começo a escrever. 

Moira

Vamos deixar que role
Os dados do destino.
O futuro nunca se escolhe
Nem se ajusta à pessoa
Como um terno fino

Os caminhos são tortos
Emaranhadas como num nó
Nada nele pode ser lido
Nada pode ser corrigido
Numa linha se está só
Na outra linha estão todos mortos

A causa disso são três velhas loucas
Com uma roda sempre a tear
Que tentam tecer o infinito
Sem mesmo saber o intuito
Ou uma moeda ganhar

Se estas eu pudesse,
De alguma forma controlar
Teria poder sobre minha sina
Controlaria cada esquina
para que nela estivesse
somente o seu olhar.


segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Jogo de Supeitas

Eu povo a tempos que não posto em, a vida anda corrida, mas a um ano atrás foi feito um projeto e não vejo o porque deixar de não continuar ele.

Abaixo tem um texto, na verdade é uma visão de algo que vejo com freqüência. tah bem ruim mas queria postar algo esta semana XD

Jogo de suspeitas

O jogo começa quando você entra no ônibus.

Respira fundo e se concentra

Falar bom dia lhe da bônus.

Ande até a roleta

Troco certo
Opção de escolha

respira fundo

Julgamento

Assassino a esquerda

Masoquista de direita

Sorte grande banco vazio

Rolar teste

Cinco, pagodeiro senta ao seu lado

Avance 2 casas

Suspeita: ladrão

Perdeu um turno de pé

Lugar vago

Sentar

Rolar sorte

Garota bonita

Falha critica

Tachado delinqüente

Continuar
Trocar
Pular

Julgar
Apostar

Próximo ponto

Game over


Basicamente é isto que eu vejo todos os dias no ônibus, pessoas colecionando pontos trocando de lugares, julgando e suspeitando dos outros.

E você faz parte do jogo?

let’s play

sábado, 14 de agosto de 2010

1 ANO DE BLOG - e mais uma Historia sobre Detetives!

Olá pessoal, estou eu aqui novamente depois de MUUITO tempo para postar mais uma daquelas historia meio “sei La” que eu costumo postar.

Bom, mas a verdade é que, mesmo sem inspiração alguma, eu consegui escrever este texto usando toooda a inspiração que consegui captar nos ultimos dias, afinal, hoje é um dia especial. Voce deve estar se perguntando: "que dia é hoje?", e eu lhe respondo: ANIVERSARIO DE 1 ANO DO COMPLEXO PARANOICO! :)

Isso mesmo, a 1 ano atras estavamos pensando em um nome para dar e exclusivamente discutindo tambem sobre o que falariamos neste blog tao COMPLEXADO! -- éé, até sobre Batatas pensamos em postar... -- mas enfim, concluimos que falariamos sobre tudo, e que aqui seria o refugio para escrever sobre Detetives, Alienigenas, Anuras e ate mesmo Aspargos Fritos!

UM ANO DE MUUITA IMAGINAÇÃO, apesar do blog estar meio, cheio de teias de aranha, NAO TEM IMPORTANCIA, vamos voltar a tocar as engrenagens dessa bagaça pra ele continuar RODANDO E GERANDO MAIS VAPOR.. VAMOS TRABALHAR NEGAIADA!


Ah, caso tenham se esquecido de mim, sou o Fowl e, o Tio Ozzy, conhecido como Tsune ou tambem como 'deus', disse que eu deveria postar algo neste dia TAO ESPERADO, e, cá estou eu com maais uma historia horripilantemente sem nexo.

Desta vez escreverei algo BEM parecido do outro texto, o “Por causa de um Poddle”, este é o “Meu Marido me Trai?”. Parecido com a historia do Poddle em relação ao clima ‘Noir’ de detetive dos anos 60 (talvez), meio inspirado em Chicago banhado em muito uísque, e é claro, belas donzelas com ótimas curvas para deixar a sensualidade do clima em preto e branco muito melhor. E é nessa sensualidade que eu digo que eu encontro a inspiração em Sin City, novamente.

Enfim, sem mais conversas.

MEU MARIDO ME TRAI?
Esperava aquele maldito telefone tocar para me dar alguma pista sobre o ultimo caso, e nada. A chuva sorria lá fora me implorando para ir dançar com ela, mas eu precisava solucionar este caso. Afinal, o Marido dela não era mais do que apenas um cara normal, traído pela esposa, hipócrita por sinal.

Por que ela me contratou? Pergunto-me. O Marido dela não a trai, ele apenas acorda, pega o metrô todos os dias, toma café acelerado no escritório, leva bronca do chefe todos os dias por chegar atrasado – é claro, com uma mulher daquelas, eu também chegaria atrasado todos os dias – e engole calado todas aquelas críticas. Faz seu serviço como ninguém e não recebe elogios por causa disso. Sai do serviço e vai para o Bar do Crimson tomar uísque, oras, todo bom homem precisa do Uísque do Bar do Crimson. Pega o metrô de volta, percebe-se o medo que ele tem de ser esfaqueado por aqueles marginais e chega a sua casa sempre 40 minutos depois daquele tal de Brian ter saído pelas portas da frente – mostrando para todos que esteve com aquela mulher tão linda o dia inteiro.
Que donzela fogosa.

Ela sempre bate três vezes antes de entrar no escritório. Tiro os jornais de cima de mesa e coloco meus pés – para mostrar o engraxate novo -, ela acende o cigarro diferente das outras damas, ela não tem medo de queimar os dedos.
Assopra toda a fumaça no ar úmido do escritório escuro, clima de terror dos cinemas:
_E Meu marido me trai?
Ela tira da bolsa mais alguns dólares para mim continuar investigando o cara. Mas eu ainda não entendi o objetivo dela. O que quer que eu continue fazendo? Ela tem medo de que ele faça o mesmo que ela faz com ele?


As ruas estavam imundas quando caminhei ate o Bar do Crimson. O Bar estava lotado, e a luz vermelha estava queimada de novo, as dançarinas adoram, não precisa dançar com todo o seu rebolado, ninguém olha pro fundo do bar. O ‘Marido’ entra de novo, com a cabeça baixa sem esperar nada do lugar. Nem mesmo olha para o fundo, nem para saber se existem dançarinas por lá, querendo um aumento ou um marido. Ele toma apenas dois uísques duplos, com os cotovelos no balcão, sem se abrir com o garçom. Que vida trágica.
O segui pelo Metrô, ele ainda treme quando passa do lado dos marginais, e mais uma vez chega em casa com sua mulher de cabelos encaracolados usando apenas aquela pequena roupa sedutora, para a alegria dos pivetes na varanda do prédio a frente que assistem toda aquela sessão de filmes adultos de graça e ao vivo.

Já não sei mais porque ela bate três vezes na porta, se senta em frente a minha cadeira, assopra a fumaça toda para o ar e repete as mesmas palavras: “E meu marido, me trai?”.
E quando eu abro o jogo para ela, dizendo que ele é o homem mais fiel de toda Chicago, ela tira mais alguns dólares da bolsa e deixa na mesa. Toda essa historia tem duas coisas boas. Eu sigo um homem que não me da problemas, e ainda por cima ganho dinheiro da mulher dele, para o meu engraxate mais caro do centro da cidade e pras minhas maiores e melhores garrafas de Uísque.


Naquela tarde resolvi não seguir o marido dela, mas, alugar o apartamento ao lado da do casal. Estava disposto a ouvir o que eles conversavam tanto o dia inteiro enquanto seu marido estava fora. Aquele homem que entrava no apartamento da donzela todos os dias tinha um engraxate melhor que o meu, precisava saber o que ele queria com uma mulher casada, sem ter medo de entrar e sair dali todos os dias pela porta da frente.
Usando o meu copo vazio de uísque, ouvi que quando ele entrou, ela trancou a porta, se sentaram no sofá e começaram a conversar. Mas não era o nosso inglês. Ambos conversavam em Russo.

Paguei o aluguel diário do hotel, já sabia o que precisava. Não sabia o que tinham falado, mas sim, que ela estava querendo eu longe de sua casa, me pagando para vigiar um marido chato e fiel a esposa. Alguma coisa não cheirava bem, será que ela contratava outros detetives para ficar longe da cola dela?
Talvez eu não fosse o único detetive perdendo tempo investigando o cara amarrotado.

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Resolvi voltar para o meu apartamento, o cigarro acabou novamente e a garrafa de uísque tem apenas uma dose, preciso voltar para ir buscar mais dos meus vícios.
Já era tarde da noite, quando fechei a porta e guardei a chave, a donzela estava no pé da escada, me esperando. Sedutora, com os lábios vermelhos de um baton caro, cabelos lindo que ela mesma deve ter demorado muito para preparar.
Estava fumando um cigarro, hesitei em pedir algum para ela, mas ela me ofereceu um outro que acabara de tirar do Maço: “Se tiver fogo”. Aceitei carinhosamente sorrindo falsamente para a traidora Russa. Ela me olhava como se soubesse de algo. Ela se aproximou de mim, calmamente e sedutora me pedindo para abrir novamente a porta do meu escritório.

Sabia que aquilo ali era um golpe, ela colocou sua mão por de trás da minha jaqueta, estava procurando por minha arma. Empurrei-a para a parede, mas ela sacou uma pistola de um elástico preso a sua coxa. Disse que se eu não entregasse todos os relatórios da investigação daquele dia, ela iria disparar. “Bem, eu não tenho relatórios”, disse para ela, mas ela não pareceu acreditar. Convidei-a para entrar no apartamento. Quando ela fechou a porta, ainda com a arma apontada para mim, eu saquei a minha do meu coldre axilar.

Agora éramos nós dois, no meio do meu escritório, ao lado daquele sofá que cheirava a mofo, com as janelas fechadas, e a chuva começando lá fora. Não podia morrer agora. O Metrô que passava a menos de 100 metros do meu apartamento estava chegando, eu e ela engatilhamos a arma ao mesmo tempo, o tiro seria disparado assim que o metrô passasse do lado da janela, ninguém ouviria. Se eu a matasse, poderia dizer que ela era espiã russa e eu seria caçado pelos Mafiosos. Ou então, ela poderia estar com documentos falsos de nacionalidade Americana, e eu poderia ser preso por matar uma mulher casada. Se ela me matasse, ela fugiria, daria fim a arma e os vizinhos só notariam a minha falta quando sentissem o meu cheiro podre de cadáver se decompondo.
“E agora?”

Ela riu. Sabia que conseguiria me acertar um tiro no meio da testa e ainda fugir sem ser notada do apartamento.

O metrô estava para chegar. Eu queria poder dar uma ultima tragada em algum cigarro barato, mas eu não podia acender aquele cigarro que ela me dera a alguns minutos atrás. O Metrô estava quase ao lado do apartamento quando pensei em Deus. “Rezar agora não é uma boa idéia”.

O Metrô passou do lado do apartamento. E um tiro foi abafado pelo barulho daquela maquina de toneladas passando pelos trilhos.


Eu tinha uma vantagem. Estava em um lugar onde passava todas as minhas tardes e noites. A escrivaninha, o abajur, o sofá, o criado mudo, a porta, o porta casacos. Quando o metrô passou, eu soube pra onde pular e atirar. Acertei lhe um tiro no meio do coração, e a coitada caiu sem ao menos ter atirado na direção de onde eu estava.

A chuva já estava forte lá fora. Quando me levantei, ela ainda deu um ultimo suspiro antes de agonizar no carpete e morrer. Verifiquei seus documentos e, finalmente, algo que a incriminava: uma outra pistola de numeração estranha de outro país. Eu estava salvo, mas depois da policia chegar, eu estaria encrencado com a Máfia russa. Havia matado uma de suas agentes e isso não era bom nem num sonho.


Quando a policia chegou ao apartamento eu aleguei legitima defesa, como havia duas armas com as impressões digitais dela, em menos de uma semana eu já estava liberado. Novamente, com falta de uísque e com maço de cigarros amassado sem nenhum conteúdo interessante.
Toda vez que caminho pelas ruas, sei que os vizinhos me olham estranho, alem de ser Detetive particular – sem casos famosos ou que me faz ter uma reputação melhor -, ainda tenho má fama de ter matado uma ‘amante’. Sempre vejo o marido daquela Russa no bar do Crimson, sozinho tomando aquela mesma dose de uísque, parecendo estar solitário agora. “Pelo menos ela sabia cuidar dele, mesmo sendo uma espiã”.
Dou-lhe um brinde, pedindo desculpas de longe, sem ele saber que eu fui o causador do seu atual solteirismo. No mínimo a policia deve ter dito a ele que ela estava no escritório de um detetive pronto para matá-lo, e então ele deve ter tentando negar todo o ocorrido. Foi daí então que a policia contou-lhe que ela era Russa e seu nome devia ser bem mais complicado do que aquele que ela usava na America.

Quando ando pelas ruas, também sei que os Mafiosos me olham com desdém, eles sabem que eu fui quem estraguei seja lá qual eram seus planos. Chicago esta sempre cheia de pessoas mal encaradas, cheia de gangues e pessoas armadas com seus coldres escondidos debaixo de tantas roupas. Chicago é perigosamente quente, mesmo parecendo ser fria com tanta chuva e neve. A cidade dos Ventos tem algo de incomum. Tantas Máfias juntas, tramando contra todos, e você nunca sabe em que esquina vai tomar um tiro, ou ser esfaqueado, ou então, quando vai estar no seu apartamento e um cara vai estar lá, como um juiz demoníaco para lhe tirar a vida.
E eu sei, que este meu dia vai chegar. Quando eu for estar tomando meu uísque sozinho no meu escritório, e sei que de longe, muito longe dali, alguém vai estar pensando em me acertar um tiro pela janela.
Donzelas Sedutoras, Mafiosos Perigosos. O Ar poluído de Chicago.


Este é a historia que tinha em mente..Bem, nao foi ao nivel de COMEMORAÇÃO de um ano, mas, foi pra poder tocar um pouco o velhoo Barco cheio de boas historias que o QUERIDO COMPLEXO PARANOICO é... Entao, é só pessoal, Tenham um OTIMO dia 15 de AGOSTO! Ate a proxima!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Iniciação

Um grande salve a todos que aqui estão.
Bem, fui convidado a postar neste excelente blog e gostaria de dizer que estou muito feliz de poder colocar um pouco de minhas idéias em um lugar de tantos grandes pensamentos.
Espero poder postar periodicamente, afinal a escrita é o remédio da alma.


Vou postar um poema meu que, acredito, reflete bem o meu ponto de vista desta sombra que costumamos a chamar de "Existência", onde encenamos uma peça sem roteiro e o diretor se esconde atrás das cortinas.

E lembrem-se nos comentários. Caso fique ruim, a culpa não é minha, foi o meu Eu-lírico...rs


La Vitta Fugge


O ato, o ar, o choro
É apenas mais uma vida
A familía, a rotina
Uma infância sofrida

Você cresce, se aflige ...

Respira, come, bebe
Enfim vive
Porém não consegue ver
Que junto com o tempo

Em cada grão desperdiçado
Correm os momentos

Correm os risos
Correm as imagens
Corre a sorte
E a vida foge

E nossos passos não alcançam ela
Nossos gritos ficam mudos
Quando nos damos conta do vazio
Vemos o quanto o mundo é absurdo

Absurdo viver uma mentira
Absurdo dizer vida
Quando na verdade o que nos resta
É uma sociedade de feridas

Eu então lhe pergunto
Vale a pena olhar para o palco
Ou atrás das cortinas nuas
Pois mesmo sem atores ou luzes
O show da vida continua


Abraços a todos...